ADRIANA PAULA DOMINGUES TEIXEIRA

MUDE

MUDE

MUDE

 

Mudar é movimento. É a certeza que o projeto está em curso e que não somos acabados. Mesmo com tantos benefícios e com a consciência destes para as nossas vidas, desde os cuidados com a saúde, alimentação e mente, ainda assim como é difícil mudar. Nosso cérebro, por questões de sobrevivência, é tão perfeito, que prefere nos proteger do desconhecido, daquilo que pode representar uma ameaça potencial. E o desconhecido é isto, processado como uma ameaça. Por isso tendemos à inércia. O estado de normalidade é a inércia, por isso a dificuldade da mudança.

 A consciência dos benefícios e a inconsciência das nossas limitações nos colocam num eterno dilema, gerando frustrações e ansiedades, afinal há aqui muito conhecimento e pouca ação ou desafio. Uma eterna luta entre corpo e mente, sem que consigamos buscar o ponto de equilíbrio da balança, afinal como termos consciência corporal e mental se nem sequer temos tempo para sair do automático. Talvez esta seja a maior de todas as jornadas, a interna. A busca do autoconhecimento é a partida e o fim. E isto é bem filosófico nas frases de Sócrates “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá o universo e os deuses” e no enigma da Esfinge de Tebas “Decifra-me ou devoro-te.” Apesar da consciência, o caminho parece ainda mais difícil.

Por vezes fico pensando se a ignorância neste mundo não acaba por sendo um anestésico de toda a dor, o que justifica a existência de tantas pessoas neste caminho, talvez até de forma inconsciente. Por isso sentimos dificuldades no início, seja de uma dieta alimentar, seja de um projeto de vida. Tudo exige não apenas a mudança de comportamentos, mas, sobretudo,  da nossa mentalidade. Para isto não é suficiente o  planejamento. Precisamos abrir a caixa do medo, descobrir o que está no nosso subconsciente. Por que temos crenças limitantes, sabotadoras ? O que estará por trás destas crenças ?  As falsas proposições só o serão se forem desafiadas. Para isto temos que identificá-las e comprová-las. De que maneira ? Fazendo o inverso dos nossos medos. Quem tem medo do fracasso em falar em público deve ser o primeiro a falar numa reunião. Então, aconselho a leitura do livro do brilhante Dr. Robert Kegan com seu RX imunológico, título Right Weight Right Mind, infelizmente ainda sem tradução para o português. Ali podemos compreender como fazer um RX da mente e das nossas limitações para que haja a mudança de dentro para fora e não o contrário. A mudança de comportamentos deve vir a partir da consciência para que seja duradoura. Aliás, este renomado psicólogo, faz um brilhante trabalho em algumas corporações que almejam um diferencial na forma como entregam os seus produtos, trabalhando com o engajamento dos seus trabalhadores a partir da identificação não apenas dos pontos fortes, mas das fraquezas, desenvolvendo-as.

Assim, se vc tende a ser muito seguro, e sabemos que o excesso de segurança por vezes pode levar a posições mais autoritárias e centralizadoras, terá que desenvolver a capacidade de escuta, será o último a falar em reuniões. Ao contrário, se vc tem um perfil menos agressivo, mais inseguro, será o primeiro a falar nas reuniões. Com isto, abre-se espaço nas organizações para o crescimento coletivo e não apenas dos melhores. Consequência natural desta mudança de mentalidade, de fixa para crescimento, é a redução nos índices de doenças psicológicas, com o aumento do engajamento no trabalho e o aperfeiçoamento democrático dos trabalhadores, criando um clima de solidariedade entre os membros da equipe, onde a diversidade é estimulada e não ocultada. Esta é minha dica de hoje para o mural do conhecimento. Até a próxima leitura.

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